. . . última safra
És a última safra
dos sentimentos...
a guerra mais longa...
A dança mais lenta...
O fio de Ariadne
arrebentado...
na metade do labirinto...
És o percurso inacabado,
uma venda amarrada...
aos olhos molhados
O último enigma....
A esfinge mais difícil ...
de se decifrar
És o grito no silêncio...
O eco dos dois caminhos ...
Que vão e vem...
A música mais longa,
e mais triste,que toco
em meu piano...
És o vinho tinto que me embriaga
a composição do meu sacrifício
o último afeto...ceifado
meu raro vício,guardado
És uma estrela cadente,
no escuro da noite...
O brilho da verdade que arde...
Meu misterioso véu de anil...açucarado
que as lágrimas e a chuva derretem
escorrendo pelos horizontes infinitos
És o dono das minhas insônias
madrugadas delirantes,lembranças ...
sou navegante das névoas prateadas
em busca da minha colheita...
És a última safra...
dos sentimentos...
És inspiração que não acaba
Que emerge das antíteses da vida
na fúria de um oceano em convulsão
és o poema da minha eterna paixão