Contos : 

INOCÊNCIA PERDIDA

 
"Da vez primeira em que me assassinaram

Perdi um jeito de sorrir que eu tinha...

Depois, de cada vez que me mataram.

Foram levando qualquer coisa minha..."

(Mário Quintana)



INOCÊNCIA PERDIDA

(Davys Sousa)

Depois da noite se fez a escuridão.
Dentro da noite, um soluço? Um silêncio?
No quarto, um vazio invadia a escuridão.
Era um menino chorando.
O ar comprimido, e arfando.
Fora violado secretamente
Entre as paredes de sua solidão.

Sua caixa de sonhos se esvaziava. O silêncio. E aquela última fonte de esperanças se extinguindo. Aquela última estrela. Aquele primeiro beijo violado e que não quisera. A mesma indugência obscura humana. Fora acabando, a inocência. Uma inocência perdida. As cavernosas palavras cujos lábios que tiraram toda inocência, ressoavam. O menino, dono dos tesouros perdidos, um anjo sereno nestas ruas de perdição, um sorriso vivente e uma alma cativante, era, agora, um vazio - um fantasma de uma rosa. A mágoa? Tristeza? Pesadelo?

Tudo era medo, solidão e angústia. Nas paredes solitárias e tristes, marcas de sua morte. Ali sentado e com inércia. Suas mãos feridas pelas batidas nas paredes, o corpo trêmulo e frio de mágoas. O negro olhar que vazio olhava, confundia-se com a escuridão.

Pobre alma! As lágrimas derretiam-se nos olhos com tanto desprezo daquele corpo. E vejas seu tocar de corpo como se aquelas mãos estivessem sujas, o choro abafando o seu sorriso alegre; perdido nas sombras. Um espelho. Seu olhar consternado, pensativo e profundo sobre aquela imagem caída. Uma fria estação surgia em sua alma. O coração estava seco naquela estação. A fé, o sonho, os contos de fada, os tesouros, tudo era mito, estava morto levando, assim, seu espírito de juventude. Debruçou-se, ali, sobre o chão frio com a melancolia infinita.

Por: Davys Sousa

TERESINA (PI), 25 DE OUT. DE 2007

(00:05 A.M)

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Davys Sousa
(Caine)

 
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