O chão frio da calçada
é onde faço meu leito
e com fome me deito
toda madrugada.
Ponho-me de mãos estendidas
com os olhos no vazio
enquanto secretamente me rio
quando escandalizam minhas feridas.
Sou chaga aberta nas ruas
coberto de panos rasgados
recolhendo alguns trocados
cobiçando coisas tuas.
Não finjas que não me vês estendido
nem desvies os olhos de minha figura
não reproves minha falta de compostura
pois sou o que poderias ter sido.
Mauro Gouvêa
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