Desde bem cedo, que deixamos de ser donos, do nosso próprio caminho. A religião, por exemplo, correndo atrás de velhas alianças e oligarquias, sempre remeteu o Homem para o seu espaço mais maleável: de como lidar consigo mesmo, ou o medo de encontrar-se a sós com a culpa, de ser existindo, como coisa adultera e maculada, que não cabe na justiça divina e, por isso, se corrompe gradualmente.
Como a expiação, seria assim o triunfo final, a caminho da redenção, dum paraíso prometido, nada melhor do que dar-lhe ídolos, com que suportar a sua falta permanente. Os 10 mandamentos, são bem a antítese da idéia inicial, numa fraude corrompida e mal trabalhada, logo à nascença.
Já a política é transversal e deveras cautelosa. Ela sabe bem da força dos ajuntamentos populares, duma união que prevalece pela necessidade, muita menos ou quase nunca, por ideal tido. É tudo uma questão de mercado e de oferta, que qualquer retórica, bem produzida e propagandeada, consegue alcançar, fazendo parecer o que nunca terá como vir a ser, mas que serve à doutrina. “O Homem só é livre enquanto falho, de sua liberdade e vontade próprias”... assim é com qualquer religião, fidelidade ou crenças, mais ou menos conscencializadas com o produto final, nunca para com o primeiro. É contra isso que devemos lutar, sem medo de assumir, nem perdas nem conquistas, porquanto somos nós e a nossa identidade, que separa-nos dos fracos, quem estará em causa – permanentemente e sem sobressaltos.
Jorge Humberto
5 de Outubro, 2004