Se existe um deus
Que se interessa
Por tanta gente,
De certo é o sol
Com seu calor,
Feixe de fótons
De labaredas
Por vasto céu.
Se existe um deus
Ínclito e forte,
Só pode ser
Alfa Centauro,
A Betelgeuse,
Gigante prestes
A desabar
Sobre si mesma,
Cisne X-1
Ou os pulsáres
Como faróis
A irradiarem
Raios letais
Por todo o espaço;
Ou os quasáres
A propagarem
Luz e matéria
Pelo infinito;
Ou os severos
Buracos negros
A devorarem
A própria luz
Que me ilumina
Do firmamento.
Se existe um deus,
Só pode ser
As centilhões
De estrelas vivas
Que vão morrer
Numa explosão
De gás e pó,
Matéria à vida
À formação
De novos sóis
E novas terras,
Ao chão e ao berço
De mais espécies
Que indagarão
Se não surgimos
Do pó de estrelas.
Deuses que não
Protegem, cuidam,
Que não se alegram
Com quem formaram,
Que não te julgam
Por não ter fé,
Tão pouco amor
A Deus e ao próximo,
Porque são gases,
São reações
Que geram luz,
Toda energia
Que faz do solo
Nascer o trigo
E o pasto ao gado,
Enquanto rezas,
Enquanto pedes
Sem perceberes
Que a vastidão
Não tem memória
Não tem vontade,
Sequer um plano
Diverso disto:
Do que formou
E destruiu
Pela entropia,
Por tantas vezes,
Teu firmamento.
Por isso, eu peço,
Aos deuses, rogo:
- Vem, contra mim,
Ó imensa Andrômeda,
Chocar-se toda
Devoradora
E canibal
Para formar
Do caos, a lei,
Novas galáxias
E aglomerados
De leite e luz.