E se disser que te amo
Na palavra insuflada pelo ar que respiras
Pelo ar que me dá vida em tua vida
Pela palavra nas palavras que me fazem respirar
E se disser que te amo
E se disser que te amo
perdendo-me na luz vulgar de todos os dias
Doando-me na demanda da luz emérita que de ti provém
encontrando-me na fonte de claridades do teu ser
Sabendo-me cúmplice em tuas noites declaradas de amor
Tornando-me raro pelo amor que me destinas
Invulgar é o meu amor p´la razão de te saber em razão maior
E desmesuradamente ajustada é a palavra nascente na voz do teu peito em que respiro
E sempre renasço se disser que te amo
Se disser que te amo
Saboreio-te na palavra e no acto transparente da palavra transpirada
Decanto o rio livre no mar selvagem
Decanto-me na verdade do teu sol
Sacio-me na verdade do teu ser
Revelo-me quando me tanges e atravessas sabiamente o meu âmago
A veracidade de nós está no corpo a corpo da nudez
No orgasmo da palavra que escrevo em teu corpo
No teu êxtase fulgurante de jardins sacros e selvagens
Na loucura prodigiosa em que tornamos o último fôlego em primeiro desejo
E até na exaustão de me sentir exausto
Existo e revivo em teu amor
Se disser que te amo
Digo e sinto cabalmente que te amo
Se disser que te amo
Amo-te em mim e pelo teu amor também
Se disser que te amo
Se disser que te amo
Gritarei pela cidade que te quero
Falarei às flores da tua beleza ímpar
Cantarei com todas as aves os hinos que mereces
Serei a força indómita de todos os mares
Serei por ti e para ti
Serei para seres bem-aventurada
Serei em ti porque te amo
Se disser que amo
Dionísio Dinis