A poucos dias da data máxima da cristandade,
Procuro fugir da correria aos shoppings e lojas
Este espírito demasiado consumista a mim não agrada!
Tudo bem, que seja maravilhoso trocar presentes,
cartões (antigamente), mensagens, telefonemas.
Mas, qual é de fato a mensagem que o Natal traz?
Além da volúpia das compras e gastos
Haja cartão de crédito e débito pra pagar
No 13º do próximo ano, não é assim mesmo
que acaba acontecendo, a cada ano?
Assim, venho cultivando um hábito nos últimos tempos,
de me “refugiar” nestes dias que antecedem
a celebração do menino-Deus na manjedoura e,
sinto-me a caminhar a êsmo,
à procura de algum banco de praça,
o silêncio de um templo,
ou um ou calçadão de praia
(mais raro, um pouco distante donde moro).
E fico a observar aqueles que se encontram
à margem da festa.
Neles penso e contemplo longamente
Como os dias são todos iguais,
Faça chuva, sol, frio, calor
Embaixo das marquises de bancos, lojas,
envoltos em lençóis de papelão,
passam suas noites
como serão seus sonhos?
quais serão suas utopias?
E nós que "mendigamos" algum desconto
na compra da lista interminável
ainda será que teremos tempo
de desviar o olhar dos IPADS, IPHONE
e outras maravilhas tecnológicas?
desejos de consumo que nos empurram,
para não deixar de ter?
Para que possamos “ousar”
Sim, ousar olhar para dentro de nós
para além das delícias, carnes, vinhos
(que são bons, mas são prazeres efêmeros)
e, ousar mais um pouquinho e olhar
para o menino do lado, triste, solitário,
rejeitado, sem presentes, sem ceia de natal...
Esse menino bem poderia ser o próprio Cristo
Não é verdade?
que retorna de novo humano
para ver o quanto ressoa
o significado de suas palavras e metáforas,
do quanto de fato conseguiu nos passar,
do Amor, da Palavra e da Vida.
Ele lá menino-Deus na manjedoura distante
Ou nos presépios dos templos e casas
Sempre zelando por nós
e nós por quem zelamos?
AjAraújo, poeta humanista, escrito em 1/12/2011.