Poemas : 

AS COBRAS PEÇONHENTAS DAS HORAS

 
Tags:  tempo    dias    horas    minutos  
 
.


Gê Muniz

AS COBRAS PEÇONHENTAS DAS HORAS

encaro ponteiros
as cobras peçonhentas das horas
suas viras e voltas
seus ginásticos efeitos

subtraio-me em momentos
do meu couro bruto
os dias, em delgadas ripas
minuto a minuto

resoluto, suporto firme
o despelar de cada tira
de miséria, de glória
(uns filetes das minhas pressas
das minhas demoras)

pois vaguejo nessa dor
de acarar-me sem espelhos
e carente da memória dos erros
feito um preso, entrego-me

e submeto-me ao tempo
que me aborta as postas
das costas dispostas
em carne-viva de vida morta

- Gê Muniz -
 
Autor
GeMuniz
Autor
 
Texto
Data
Leituras
1359
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
16 pontos
8
0
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 06/12/2011 20:53  Atualizado: 06/12/2011 20:53
 Re: A COBRA PEÇONHENTA DAS HORAS
Poema com peso de ícone! Deixo-te minha plena admiração pela qualidade com que o montaste. Sem dúvida um dos meus favoritos.
Abraços.


Enviado por Tópico
Transversal
Publicado: 06/12/2011 21:03  Atualizado: 06/12/2011 21:03
Membro de honra
Usuário desde: 02/01/2011
Localidade: Lisboa (a bombordo do Rio Tejo)
Mensagens: 3755
 Re: AS COBRAS PEÇONHENTAS DAS HORAS
e como o tempo é um tirano...que fazer?
submetermo-nos a ele, que remédio.
"minuto a minuto
(mesmo nos ) filetes das minhas pressas
entrego-me
feito um preso"
Que fazer com "As cobras peçonhentas das horas"? Viver. Excelente. Obrigado.

Abraço-te


Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 07/12/2011 01:21  Atualizado: 07/12/2011 01:21
Membro de honra
Usuário desde: 25/01/2009
Localidade: Pouso Alegre - MG
Mensagens: 18598
 Re: AS COBRAS PEÇONHENTAS DAS HORAS
Fico entre o peito e as
horas que não tem vaga no relógio...
bem assim, feliz. bjs menino bonito.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 08/12/2011 01:18  Atualizado: 08/12/2011 12:07
 Re: AS COBRAS PEÇONHENTAS DAS HORAS
só agora vi essas cobras peçonhentas emaranhadas no seu poema... e o martírio que é dessas horas lembradas a cada tic ou tac já que depois de algum tempo não mais se escuta-as, sente-se como um bate estaca no peito. trouxeste até nós o real sentido das esperas, de quanto é preciso ser para suportá-la... e o tempo não pára...
meu abração caRIOca ao querido amigo e poeta Gê.
zésilveira