Correm as borboletas sem asas, esvoaçam
Perdem-se e cansam-se, afastam-se do horizonte
Correm ideias, corre nas veias um instinto animal
E o crer que parece altruísta, é comodista afinal
Corrói e polui o cercado, o longe é tão distante
Tudo faz crer e até os recados se esgotam ao ar, cansam
Estes desfasamentos intelectualizados
Os monumentos a deuses passivos
Cansa a falta de ideias, muito mais os cercados
As borboletas nascem para a liberdade
Em voos dispersos por um dia de vida
E os poetas nascem para ser ouvidos
Para serem censurados ou em ombros levados
Os poetas nascem para a eternidade
Só assim a escrita acontece
E quem sabe um dia, o que por cá ficar
Alguém reconhece.
Afinal era poeta, sabia o que escrevia.
Era tão bom se o poeta adormecido
Erguesse a mão do túmulo num adeus descabido
Era tão bom que o poeta depois de morto
Pudesse dizer obrigado
Afinal valeu a pena tanto sonho inacabado.
Antónia Ruivo
Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado.
Duas caras da mesma moeda:
Poetamaldito e seu apêndice ´´Zulmira´´
Julia_Soares u...