"Ato ou exercício prévio; primeiros passos; iniciação. Aquilo que
precede ou anuncia alguma coisa; prenúncio." Prelúdio, Dic. Aurélio
Ainda que saibamos,
e tenhamos,
inabalável certeza...
A felicidade, a alegria,
o sentir-se bem e,
claro,
todas essas coisas que,
dum jeito ou d´outro,
nos põem bestas no mundo!
Tudo isso,
concorde,
traz calma,
paz...
Nos descansa,
nos conforte!
É lindo,
sim, sim,
eu sei disso!
Mais dia,
menos dia,
contudo,
somos jogados,
de repente,
às mãos do desejo!
Sim, sim,
não erro!
O termo,
é,
de fato,
jogados!
Não somos convidados,
ou,
ledo engano,
gentilmente convencidos!
O desejo,
Lindinha,
é como tu:
Não pede,
MANDA!
Ah, manda...
Ele não espera,
me acredite,
que estejamos prontos!
Nos toma,
linda e simplesmente!
E a paz,
a calma,
a serenidade...
São,
pelo tempo necessário,
expulsas...
Sem mais nem menos!
A boca,
as mãos...
Línguas,
delícias,
descompasso...
A carne,
os dentes,
o suor,
o aperto!
Pernas sobre braços,
bocas nas bocas,
e em outras bocas!
O calor... A urgência!
Bagunça, caos!
Palavras,
as boas,
que não entendemos nunca!
Não há regras!
Há,
antes, depois e acima de tudo,
a vontade, a ânsia, a sede!
Daquelas que nos botam,
querendo ou não,
aflitos...
Lindamente aflitos!
Confusão de braços,
e pernas...
Profusão de línguas,
mordidas, lambidas,
com vozes grunhidas!
Não há céu,
inferno tampouco!
Não há tempo!
É mentira!
A verdade?
Uma boca a morder,
enquanto a outra lambe...
os cabelos puxados,
bagunçados,
com delicadeza,
e com raiva!
Com pressa...
Uma perna aqui,
a outra ali,
braços,
em x,
desenhados,
tatuados em tuas costas!
Língua úmida,
urgente,
a gritar-me,
sem saber,
a lamber-me,
a chupar-me...
A acabar,
e começar comigo!
O movimento,
sempre oposto,
que ainda assim,
nos aproxima!
Nos junta,
gruda,
funde-nos!
Tua nuca,
minha boca,
os dentes,
os beijos!
Meus cabelos,
tuas mãos!
Fugidios sempre,
teus olhos,
lindos e enormes,
buscam os meus!
E paramos,
ou melhor,
dançamos!
E dançamos,
lindamente,
no infinito de um mundo quadrado!
A orquestra de bêbados,
minhas mãos, tuas pernas, e o resto,
segue sem saber do que se passa!
Moto-contínuo!
O tempo,
coitado,
não existe aqui!
Entre tantas coisas,
braços, mãos, dentes,
línguas, nucas, pernas,
carinho, paixão, atenção!
É rápido,
lento...
Agressivo e delicado!
Bocas que sorriem e,
num instante,
nos mordem carne e espírito!
Um ballet inacreditável!
Respiração,
paixão,
inspira,
beija,
lambe,
expira,
vens,
vou,
vou,
vens!
Nos achamos,
perdidos e suados,
num outro mundo!
Não precisas falar,
eu?
Menos ainda!
Carinhos calmos,
depois da tempestade!
Me aninho em ti,
criando seu ninho em mim!
O que posso,
ou devo,
dizer-te?
Linda,
estás mais perto...
Acende um cigarro pra mim?
Ilitch Kushkov
Indaiatuba, 01 de Dezembro de 2.011 - 20:55h