Poemas : 

«« Tramóia no fuso da badalaçºao ««

 

Era uma vez uma vizinha
Não gostava da rainha
Um dia deu-lhe com os pés
Quase a derrubou do estamine

Mas faltou o quase

A vizinha não contou
Com a eleição apressada
E a rainha malvada
Tratou de se vingar
Sabem do que estou a falar
Do bendito apagão
Motivo de badalação
No reino da fantasia
Afinal ninguém previa
Este desfecho maléfico
Ó felix deves estar perplexo
Que passado tanto tempo
O teu caso veio a lume
Tanto mexeram no estrume
Que agora é indevido
Publicar triste gemido
Que não seja a rimar

Mas para grande azar
A helena não é de Tróia
A conceição ao trancar
Cá p`ra mim só foi tramóia.

Antónia Ruivo


Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado.

Duas caras da mesma moeda:

Poetamaldito e seu apêndice ´´Zulmira´´
Julia_Soares u...

 
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Antónia Ruivo
 
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Enviado por Tópico
Antónia Ruivo
Publicado: 05/12/2011 04:40  Atualizado: 05/12/2011 04:40
Membro de honra
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Mensagens: 3855
 Re: «« Tramóia no fuso da badalaçºao ««
Será que assim está dentro dos conformes

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 05/12/2011 09:00  Atualizado: 05/12/2011 09:00
 Re: «« Tramóia no fuso da badalaçºao ««
Olá, Antónia! Não sei o que se passa aqui no Luso mas espero que tudo se resolva em breve! Um abraço!

Enviado por Tópico
Xavier_Zarco
Publicado: 05/12/2011 09:18  Atualizado: 05/12/2011 09:18
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 Re: «« Tramóia no fuso da badalaçºao ««
Cara Alentejana,
Acho que tenho por aqui esse poema que faz parte da minhas memórias internéticas. Até já, que vou procurá-lo.
Um beijo
Xavier Zarco

Enviado por Tópico
Xavier_Zarco
Publicado: 05/12/2011 09:41  Atualizado: 05/12/2011 09:41
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 Re: «« Tramóia no fuso da badalaçºao ««
Na vertente do olhar, Helen de Rose
Não cabe a escuta, o eco da tua voz
A messalina que tem essa pose
Descreve os lábios um desejo atroz.

Os olhos são assim a dupla dose
Que no sentido lúbrico são a foz
De Eros submetido à Hipnose
Transformando-a, a deusa, em seu algoz.

Que te sossegue o rosto, o teu cabelo
E as faces sejam lume nos meus lábios
Se houver a mais pequena transparência.

Porém, se não for atendido o apelo
Eu fico no devaneio dos sábios
A perscrutar a voz da minha urgência.


José Félix
in "A Teia da Aranha"
(http://www.ateiadaaranha.blogspot.com; último acesso a 05.12.2011)


Eis um excelente soneto da autoria do José Félix, um dos melhores poetas portugueses da actualidade (na minha opinião, claro). Este exercício ecfrástico é notável, não só pela hábil gestão do som, e da ausência deste, mas também pela capacidade de construção, através da imaginação, de um retrato-outro, diverso do observado. A ler e reler.

Já que, leia-se pf, o seguinte:

"EKPHASIS - Termo grego que significa "descrição" (no plural, ekphraseis), aparecendo em primeiro lugar na retórica de Diónisos de Halicarnasso (Retórica, 10.17). Tornou depois um exercício escolar para aprender a fazer descrições de pessoas ou lugares. O locus classicus na literatura épica é a descrição do escudo de Aquiles feita por Homero (Ilíada, 18, 483-608). Virgílio seguiu o mesmo modelo para a descrição do escudo de Eneias na Eneida (8, 626-731). Um outro tipo de ekphrasis concentra-se em descrições epigramáticas de pinturas e estátuas, como La galeria de Marino e muita poesia emblemática. O termo alemão Bildgedicht corresponde praticamente ao conceito de ekphrasis, neste sentido de descrição de uma obra de arte (pintura ou escultura). Os poetas românticos recorreram amiúde a este artíficio, tendo ficado célebre, por exemplo, a "Ode on a Grecian Urn", de Keats. Naturalmente, o recurso às descrições particulares está presente em muita poesia contemporânea, sobretudo a partir do momento em que a poesia se tornou cada vez mais próxima da prosa narrativa. Na literatura portuguesa, o livro Metamorfoses (1963), de Jorge de Sena introduz um tipo de poesia descritiva que tem como objecto de contemplação toda a obra de arte visual. Este tipo de descrição plástica, não limita o conceito de ekphrasis a uma simples e passiva exposição dos dados observados, mas conduz-nos a um exercício reconstrutivo do que foi examinado, querendo interferir subjectivamente nas qualidades do objecto. O poeta ecfrástico raramente se contenta com uma descrição objectiva do que observa, quando tem a possibilidade de comunicar livremente o seu próprio gosto. A Secreta Vida das Imagens (1991), de Al Berto, ou Depois de Ver (1995), de Pedro Tamen, podem ilustrar o lado dinâmico da ekphrasis."

In "E-Dicionário de Termos Literários de Carlos Ceia" (http://www.edtl.com.pt/index.php?opti ... ink&link_id=961&Itemid=2; último acesso a 05.12.2011)