PÕR DO SOL
Hoje, no remanso de um pôr de sol de Novembro, a oferecer-me o repousante espectáculo da sinfonia das cores de Outono, cerrei instintivamente por alguns instantes os olhos e pelo portal do encantamento e de uma serenidade que só de vez enquando nos invade , entrei no mais profundo de mim.
Da experiência que este proceder operou na minha pessoa, evidencia-se o quase visível sentimento de que estou a subir uma montanha. Mais exactamente, de que a vida é justamente uma montanha que com mais ou menos dificuldade se sobe. Mas fui mais longe: à constatação de que subir a montanha não é mais do que cumprir a missão que incumbe a cada ser humano.
No meu caso concreto a subida era íngreme, os escolhos muitos, mas a expectativa do cume da serrania anunciava-se-me compensadora. Pensar assim estimulou-me e instilou em mim as energias de que me sentia carecida para levar a bom termo a jornada.
Quando desperta – e falo assim porque era quase sonho o clima mental em que me deixara mergulhar – uma vaga decepção me atravessa. Ocorre-me aqui a falada experiencia da luz no fundo do túnel, que deixa saudades àqueles que algum dia a vislumbraram.
Os olhos já abertos para o real, fica-me deste sonho o compensador sentimento de que porventura seja verdade que a minha vida é uma montanha que, ora com mais alento, ora com menos, vou subindo com razoável dose de determinação. O pico lá em cima será a luz que almejo e regresso a casa com uma aura de reconfortante sentir.
Olema