Perscruto, com meus olhos cansados,
de industrias e escombros,
a beleza, que nos céus eu desenho,
em lindas asas de pássaros.
Habituado à crueza, das coisas simples,
deixo-me envolver, como
num rio, que corre sereno, para a sua
foz, indo a barlavento.
No toque suave da brisa, nas árvores,
absorvo o subtil reverso das
folhas, como se as tacteasse, ao de
leve, sentindo-as nos dedos.
Crescem os jardins, em todo o seu vigor,
e as pétalas das flores,
são, em si, lustrosas asas, de borboletas,
pousando nos estames.
E crianças, na sua macia infância, brincam
alheias a tudo, sorrindo
aos amigos, que com elas partilham,
a sua mui ruidosa alegria.
E os velhos, sentados à sombra, das árvores,
recordam velhos tempos,
olhando demoradamente, para suas mãos,
lembrando-lhes caminhos tidos.
Não posso fugir, a este meu desígnio, de
poeta, em contemplação,
ao muito que lhe cabe, e que aos outros
deixa, em total harmonia.
Jorge Humberto
02/12/11