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e... no fim que se quer principio,
principais as palavras que rugem,
algumas gritam,
algumas suspiram...
…
Todas se tentam unir, reunir, recriar
algo de novo,
descobrir também,
revelar sempre,
mesmo as descobertas cobertas
de mistério,
ao som de tambores indianos,
africanos, além do bojador,
[da taprobana...]
além de tordesilhas.
E,
assim que a noite surge,
misturam-se algumas palavras nas sombras,
por entre as luzes das velas
que tremem,
fustigadas pela brisa outonal,
…
Fustiga-me o luar escondido,
o olhar semicerrado do beija-flor,
e sigo a voz das ondas,
transporto algumas conchas comigo,
e abrigo todas as palavras do silêncio
no meu colo.
…
Nascem então alguns corais
perto da ilha onde pernoitam os albatrozes,
onde os deuses bebem vinho,
onde os poetas fustigam as palavras,
com nereidas,
dominando os indomáveis corações dos navegantes.
E... no fim que se quer principio,
as palavras que rugem, que gritam,
suspiram nos sonhos,
sonhos interrompidos pela tempestade,
que se quer principio e fim,
que jamais se quer em silêncios.
O lápis azul
Um dia um risco azul
mais acima, mais abaixo,
que interessava[?],
apenas um risco, todo o significado,
sem sentido.
…
E a frase era cortada,
e as palavras apenas ficavam
órfãs, descoladas do papel,
e tudo ficava, sem sentido.
…
Poderoso o risco azul,
que me dilacerava o texto,
que me proibia as palavras,
o pensar.
…
Um dia parti um lápis azul,
pensei que jamais ele riscaria,
…
enganei-me,
tantos os lápis azuis..
hoje...
[sem sentido].
Para quem não sabe, o lápis azul era usado pelo Fascismo em Portugal. Durante a ditadura em Portugal, os censores do regime usavam o lápis azul para cortarem o que não deveria ser publicado, noticiado ou divulgado.
A Comissão de Censura instituída em 22 de Junho de 1926, adotou o nome de Comissão do Exame Prévio em 1968. Foi extinta em 25 de Abril de 1974 com a Revolução.
Ainda andam por aí muitos lápis azuis...
O Transversal
“La Folie... Um dia, apenas um dia, apenas uma noite”