Viajamos através do tempo, assumimos identidades e corpos, voltando a estaca zero, assim é a história deste homem só.
Eram quase meia noite de sexta feira dia 13 de Março, nasce apenas perdida no tempo da imensidão, uma criança brotada ao acaso da vida com o nome de Solidão, não teve batismo, o padre estava ocupado com as beatas da sua igreja e era insignificante para a sua paróquia.
Solidão crescia aos trancos e barrancos, ora doentes ora saudáveis, mas Solidão lá caminhava pelo seu triste caminho sem ninguém. Batia de porta em porta e ninguém a queria abrir, alguns ainda hesitavam outros rapidamente a fechavam era feio, cruelmente frio e impessoal, mas duramente real.
Passou fome, muita fome, sede muita sede, nada era dado, nada facultado, suas vestes estavam rasgadas pelo tempo, deixadas ao pó, a chuva, ao frio e ao sol forte dos desertos. Afinal quem nunca caminhou por um deserto? Quem nunca bateu em uma porta que ela fosse fechada? Quem já pediu água e ela lhe foi recusada ou dada de má cara, todos sabemos que a vida é assim madrasta com o destino cruel da triste caminhada.
Solidão ficou homem forte, aprendeu a escutar os murmúrios da vida, decifrava o vento, a lua, o sol, as nuvens e até sabia o que conversava a floresta e as estrelas. Aprendeu no silencio a escutar os conselhos do rio, dos povos passados, os que hoje são ridicularizados e ultrajado se aprendeu a vivenciar o mar na sua imensidão.
Aprendeu a caminhar entre as estrelas, cantarolar entre os limbos e os restos dos homens cruéis, aprendeu a se contentar com as sobras dos outros, sem reclamar e claro agradecer ao grande Deus o seu criador.
Solidão cresceu por ai e sempre sozinho, mas nunca mais envelheceu, nunca escutei que ele morreu que foi encontrado apenas que ele vive ainda em cada um de nós!
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