O vento batendo no vestido desenha-lhe a silhueta e enfuna os tecidos como se de uma vela da velha barca se tratasse. Apontada a oeste lança o olhar no horizonte mirrado pela nevoa da tempestade que passou. Rufam ainda os últimos sibilos ventanosos que lhe assobiam ao ouvido. Enche-lhe as narinas o cheiro a sal que as bátegas transportam esbatendo-se-lhe no rosto como as ondas na areia em espumas de mar que vem de novo beijar-lhe os pés, uma e outra vez, como que obediente, agradecido, o mar ingrato que falseia a barca nas cercanias do porto seguro.
- Não vem lá barco, não vem lá barco… clamam carpideiras ao som da onda que vem de novo.
E as lágrimas acrescentam mar, ao mar de prantos. A barca frágil que partiu é agora maré de esperança que se esgota em onda que se esvai entre os grãos de areia que lhe ouve os segredos:
- Não vem lá barco, não vem lá barco…