Sou e não sou
Sou tudo e não sou nada.
Sou alegria;
Sou tristeza,
Sou felicidade...
Sou mágoa;
Sou desejo de saudade.
Sou a água que corre num rio,
O vento que ondula os cabelos;
Sou as sombras que perturbam o silêncio das árvores;
A noite que adormece o dia.
Sou a morte,
Sou a vida.
Sou sede de domínio.
Sou o pão de vida dura,
Sou pouco grau de vaidade.
Por vezes sou beleza,
Outras sou fealdade.
Sou a decadência do Outono,
A sensibilidade da Primavera.
Sou a vitalidade do Verão,
A melancolia do Inverno.
Sou amizade,
Sou amor;
Sou lealdade, sou fidelidade;
Sou amiga do meu amigo,
Amante do meu amante;
Apaixonada pela vida,
Uma amante da morte.
Sou a calma, a turbulência...
Sou a serenidade do mar,
A revolta da chuva.
Sou um ter medo de não ter,
Um sentir de não sentir;
Uma lembrança de memória encontrada,
Uma fuga de morte escondida,
Uma alegria de vida encantada.
Sou uma escuridão que nunca se apaga
Sou uma luz despertada no amanhecer da madrugada.
O que sou
Ou não penso ser
É uma derrota do passado,
Uma glória do destino.
Sou tudo e não sou nada,
Sou tudo o que posso não ser,
Sou tudo o que não posso ser,
Sou apenas o que poderia ser:
Sou eu, a minha alma.