Brincadeira de palhaço – Lizaldo Vieira
É coisa só de criança
Sabe aquela coisa de comer
BRINCAR
SE LAMBUZAR
Meter a mão
A cara
A boca literalmente na massa
Chafurdar
Á vontade
Afinal
Bolo pra bolo bom
Gostoso
Com gosto de chocolate
Tem que ser lambuzado
Deixar tudo correr
Escorrer
Suavemente
Feito baba de quiabo
No corpo inteiro
Lama fria
É uma delicia
Muita molequeira
Melaço de engenho
Puro doce
Grudado e açucarado
Depois da lambuzada
Secar
Enxugar na pele
O PRAZER DE SER LIVRE
CRIANÇAS
Menina que brinca de mamãe
Menino inventando o boi de barro
Brinquedo
De peteca de milho
Ser o melhor dos cavalheiros
Montado no cavalo de pau
Senti-se palhaço solto
Fazendo estripulias no picadeiro
QUERO VER
Viver o palhaço de pernas quebradas
No armado circo sem lona
Quanta poesia na lembrança
Santa inocência
Vai e vem
Volta e meia
Algumas escolas alimentam o sonho da vida
O amor pueril refazendo se
Abstraindo arte pura
Beleza teimosa de doce viver
O amor é QUERER.
Extrapolar todos os limites
Jorrar as fantasias
Encantar se
Embriagar se do bom vírus de criança
Minha pele corsa
Corso pra ver se revestindo de veludo
Acredito que não vou perder
Nenhum pedacinho de tecido
Porque sou coisa que dança solta
Joga pedra no poço
Pula corda
Tem preguiça de acordar cedo algo infantil
E não se dá conta de muito rir
Com as estórias
Soltas e desconectas
Pura conversa descompromissada
Com verso
Ou poema bem rimado Com toda teimosia dalma
De coração!
Que desmancha descontentamento
Alimenta as doces birras
Aviva a criancice peralta
Enquanto alma de poeta
Ainda tenho saudades
Das teimosias de jogar papa em cara de irmãos
Trocar a colher pele mão
Vestir roupas impróprias
Dos idosos
Saudades duras
Cruas
Dos meus tempinhos de criança
Tomar banho na biqueira
Pular de corpo e alma
Enlameasse
Na poça da chuva
Voltar a ser birrento
Torrão
Pés descalços
No puro contato com o chão
Teimosia do bom
Gosto
Sabores
Brincadeiras
Direitos de criança
Saudades duras do meu mundo distante
Que só escrevendo
E viajando no pensamento
Só agora
Fazem-me chegar
Pela arte de escrever
A pintura da conversa com os versos
Aqueles que teimam comigo
Enquanto não serei indiferente
Ao choro de cada dia
Nas birras de minha criança
Porque sei
Isso só me faz o bom
Observando
Coisas bobas e boas
Que só crianças fazem
Q U E S E D A N E C U S T O d e V I D A - Lizaldo Vieira
Meu deus
Tá danado
É todo santo dia
O mesmo recado
La vem o noticiário
Com a
estória das bolsas
Do que sobe e desce no mercado
De Tóquio
Nasdaq
São paulo
É dólar que aume...