<br />Um prefácio ao meu primeiro livro de poesia "Reticências...", escrito após a publicação do mesmo, que pelo conteúdo achei interessante partilhar...
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O livro
Na escrita, as reticências simbolizam uma comunicação nas entrelinhas. Representam uma comunicação que muitas vezes se situa para além da própria linguagem, seja ela feita de vozes ou de silêncios, de palavras ou de gestos, de presenças, ou simplesmente de ausências.
É nesse contexto que surge este meu primeiro livro, intitulado “Reticências…”.
“Reticências…” é uma viagem por caminhos sentimentais que se percorrem sem no entanto saber à partida qual o seu destino. Sobre caminhos que estão frequentemente para além do nosso controlo ou escolha, e que muitas vezes nos apanham de surpresa. É um livro sobre a ilusão e a desilusão, no muitas vezes complexo processo de construir uma vida no plano mental e sentimental, uma vida para além do que é meramente material.
É um olhar para o horizonte e ousar sonhar com um tempo ou lugar partilhados, apenas imaginados…
Nos seus poemas, esconde-se a busca de cada pessoa pelo seu lugar nas relações que a rodeiam. A procura de cada indivíduo por um significado mais profundo, a meio de situações do quotidiano coloridas por uma saudade ou desejo, sentimentos esses que por vezes abraçam toda a perspectiva envolvente. É o reflexo de uma busca por si mesmo aliada à secular busca por algo mais, aquele algo raramente definível por palavras, encontrado apenas na companhia de alguém que assume para nós uma importância única e vital.
“Reticências…” é tanto uma homenagem como uma dedicatória.
É um livro no qual se reúnem poemas tanto de amor mútuo como de amor não-correspondido. Poemas cujo contexto vive sempre na imaginação de cada pessoa, de cada leitor… nunca na vontade exclusiva de quem está por detrás da caneta. São poemas abertos à imaginação ou memória de cada um de nós.
“Reticências…” fala-nos sobre a partilha do que é dito e do que fica por dizer. É a consciência ou chamada de atenção para o facto de que o que não é dito entre duas pessoas, à semelhança do que é de facto dito, nunca se esgota num eventual remeter ao esquecimento... é algo real, dentro da pessoa que o sente. Algo com uma presença e influência reais.
Algo que merece ter uma voz.
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Paulo de Sousa Alcoforado