Quadro de Matteo Arfanotti
Me concedo o direito
de te esquecer todo dia mais
um pouco até que estejas morto.
Até que o meu corpo
diga amém.
Esta utopia me deixa tão zen,
tão mega-ultra-super-moderna.
É sensacional viver sem dramas,
tramas, fios que enrolam
o desespero.
Não me libertei.
Aprendi que há vida
depois de perder
o amor-(im)próprio.
Viver é sempre
reciclar o coração.
Tenho uma nova palavra
entre aspas:
"recomeço".
Tenho uma nova linha
na palma da mão.
Karla Bardanza