Tentaste escrever o amor no papel que balanceava no teu bolso enquanto andavas.
Entre riscos, palavras impercebíveis, corações nos quatro cantos da folha, tinhas umas quantas ideias sobre o amor que não faziam qualquer sentido, sabias que existiam e que era fruto de algo que germinava em ti, mas não fazia sentido, o amor não faz sentido.
Amachucaste a folha, voltaste a repetir a sensação de escrever, mas desta vez estavas um pouco irritado, as palavras deixavam, aos poucos, de fazer o sentido que querias e faziam nascer algo novo, uma frieza que surgia vagarosamente, tal e qual como a tua irritação ao ficares, por vezes, sem palavras ou elas ficarem sem um pouco de ti.
Paraste após numerosas tentativas, tinhas as folhas amachucadas em cima da cama, querias desfazer-te delas.
Pegaste em cada uma e fizeste pontaria para o balde do lixo que tinhas junto à secretária velha e com cheiro a tinta, acertaste todas as vezes.
Tiro certeiro, sabias que o amor estava bem… no lixo.
les fleurs mortes.