Não te crimino a ti, plebe insensata,
A vã superstição não te crimino;
Foi natural, que o frade era ladino,
É esperta em macaquices a beata:
Só crimino esse herói de bola chata,
Que na escola de Marte inda é menino,
E ao falso pastor, pastor sem tino,
Que tão mal das ovelhas cura, e trata:
Ítem, crimino o respeitável Cunha,
Que a frias petas crédito não dera,
A ser filósofo, como supunha:
Coitado! Protestou com voz sincera
Fazer geral, contrita caramunha,
Porém ficou pior que d'antes era!
Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage
(✩ 15/09/1765 — † 21/12/1805)
Autores Clássicos no Luso-Poemas