Agora que me apetece comer uvas brancas, só as pretas me dizem como saborear o mais puro néctar da vinha, aquele mosto quente a escorrer-me pela face, a amaciar-me os lábios ressequidos. Agora que me lembro dos bagos dourados - puras pepitas d'ouro a cair nas minhas mãos, só as pedras do rio me dizem como deslizar na corrente e ir rio abaixo em busca dos raios solares - desígnios matinais que se afundaram durante a noite e deixaram as águas paradas, os lameiros escorregadios e os montes desvairados. Essa centelha de vida pelos matagais enfermos, essa tormenta escondida que o vento traz quando do alto se ouve o canto das águias a esvoaçar nos penedos. Ergo-me de frente para a serra e ela diz-me ao que vim, de que maneira vou quando o sol se esconder e a vinha se render finalmente nos meus braços.
Labuta diária que se estende na força de quem tem a terra e a merece, acontecendo ao nascer do sol. Esse será sempre o tema resguardado nos olhares de que tem um espaço e o cuida como quem sabe que há lugares ao sol e na noite se inibem quando reconhecidos por um além que não sabe onde fica o aquém - lugar devoto dos acontecimentos que marcam todos os rostos, todos os braços e todos os corpos admoestados por uma simples brisa que passa enquanto o sopro vai no encalço de mais uma colheita que em Setembro é adorno, a mais pura casta.
A vindima que em Setembro inspirou este texto, foi um momento mais...