Dentro da bomba,
está o mostrengo,
mentecapto religioso,
ateu capitalista,
usurpador dos poderes
que sente divinos,
urra na certeza do grunho
e do pavor que provoca.
De antolhos vestido
e vestes sibilinas
aproximam-no à divindade adorada,
sem pátria nem fronteiras
habita o raio de alcance
que o seu nome aterroriza
Fora da bomba
estão os outros,
todos os outros
que se vestem de medo,
todos os outros
que do medo fazem trampolins
que os iça para lá da coragem,
todos os que à força de pensar
confinam o mostrengo
às fronteiras que habita,
ainda que aprisionados por ele,
que a liberdade não é efémera,
é o toque a rebate,
o vento que nos perpassa,
o tempo de ir, que os sinos repicam.