Da minh´ alma que se foi um dia
à chegada de tudo o que eu não sabia
amurada à jangada que tudo despedia
restam os destroços afundados na maresia
Porque se sobrassem vidas encaixadas
ao leme desnorteadas por aprisionadas
duma expedição para afundar as remadas
alguém se lembraria das velas incendiadas
Em praças cantadas aos gritos por razão
em multidões bombardeadas às ordens sem coração
em fomes de crianças sem corpo à míngua de pão
ossos,pragas e doenças mordidas por toda a aflição
Houvesse justiça, houvesse bondade , houvesse Homem
da tua alma que chegará um dia no tempo do amém
e por todas as encruzilhadas do aquém
o sorriso nasceria como fruto do além
Entretanto, enquanto morres ou vítima da hora
enquanto o teu sangue derramado clama e chora
uns tantos banqueteiam-se na vã-glória do agora
O que me inquieta é não saber
a quem pertencerá a vitória
ou o nome que ficará para História
Luiz Sommerville 2010
Comentário de Carol Carolina:
"Amigo Poeta
Luiz!
Esse Natal é que me incomoda e deixa triste.
É impossível a gente comemorar pensando só na gente.
Nós não temos motivos para reclamar, temos o essencial para vivermos, não com luxo, mas temos.
Eu pelo menos não sou rica, mas não me falta nada.
Mas como conseguir esquecer dos muitos que gostariam de ao menos ter um pedaço de pão."