Sentada na soleira da porta, de cabeça ligeiramente baixa como quem dormita,
descansava o tempo de uma vida inteira enquanto esperava... ninguém entendia o que pudesse esperar naquele ermo onde não passava viv'alma, mas esperava!
Esperava o que por certo sabia não ir chegar nunca.
No olhar míope que não conseguia esconder por detrás daqueles fundos de garrafa, esvoaçavam as penas das asas que tanto desejara, mas que, como maldição, se transformaram nas raízes que se lhe alongavam dos pés e se estendiam pela terra adentro, prendendo-lhe o corpo ao lugar onde apenas poderia esperar a morte.