Poemas -> Tristeza : 

Dilacerações

 
O meu âmago corrói-se em dilacerações,
Defraudado,
Atormentado,
Pelo apogeu que deixou de ser meu,
Acérrima atroz enclausura,
Contracções do sofrimento que perdura.

O meu anseio desfez-se em nulidade,
Magnificente relampejo ténue da felicidade,
Agora afogado pelas intempéries da saudade,
As lágrimas secaram,
Sorrisos dementes me deixaram,
Tédio infinito do sofrimento,
Enclausura perpétua nas grades do tormento.

Sinto-me encolhido,
Torpe dilacerante gemido,
Soturna inquietação de uma prostração,
Corpo fustigado em contracção,
Débil quietude,
Sofrimento beligerante sem voz,
Em mim se entranha a corrosão atroz,
Tremo em ansiedade,
Quando sinto o corpo a sucumbir,
Flagelo-me em torpor,
Quando a mente deseja explodir,
Beligerante e ácida incursão,
Pela mórbida irreversível degradação.

Senil,
Entranhada em mim a desilusão,
Vil,
Amarga putrefacção de uma existência,
Em demência,
Na penumbra do silêncio inexisto,
Contínua degeneração a que assisto.
Na desistência,
Na conformação de uma incumbência,
Deixar-me possuir pela inexistência.

Se já nada me apraz,
Me totalizo na nulidade, na vacuidade,
Lamento eterno de apenas querer morrer em paz…
 
Autor
Bruno Miguel Resende
 
Texto
Data
Leituras
1373
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
10 pontos
2
0
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 25/10/2007 08:05  Atualizado: 25/10/2007 08:05
 Re: Dilacerações
Forte poema,
As dilacerações que vivemos de uma sociedade mundialmente preconceituosa que arrasa cada vez mais os olhares da cegueira.
Muito bom
ConceiçãoB