Vãos
Um dia, bati a porta com força, imenso estrondo
E pensei que estava assim a salvo – ledo engano
Presumi que assim me tornaria um ser desumano
Totalmente vacinado contra um ser tão hediondo.
Corri por todos os cantos, fechei todas as janelas
Fiz formidáveis barricadas com todos os móveis
E nos quedamos enfim – eu e a solidão - imóveis
Sob a branca luz vacilante de duas broncas velas!
E naquela semi-escuridão, suor perolando a testa
Enquanto olhava a dança das sombras na fresta
Queria controlar o incontrolável tremor das mãos;
Presumi ouvir um barulho – o coração disparado
Olhei incontinenti a porta e reconheci, petrificado
Minha consciência mater adentrando pelos vãos!