A vida é assim, algo inusitado, nunca esperado, nós podemos exercer sobre ela apenas um pouco de domínio, como por exemplo: fazermos uma preparação para o amanhã, porém, jamais poderemos dizer ou sequer pensar que, temos o domínio total de nossas vidas em nossas próprias mãos.
Isso acontece com você, acontece com as pessoas ao nosso redor, e aconteceu comigo.
Quando criança eu tinha o hábito de brincar com espelhos, eles me ajudavam a ver coisas que estavam longe da minha visão.
Tipo assim: Ver o que estava debaixo da cama, em cima de um móvel mais alto, algo que estava por trás de alguma coisa, ou trazer para mais próximo de mim, como por exemplos , as estrelas, a lua. Nunca o sol, isso jamais faria, eu tinha um medo instintivo do sol, achava que, se eu colocasse o sol dentro do meu espelho, que, eu poderia ficar cega pra sempre, e eu tinha muito medo do escuro.
Assim, nas minhas brincadeiras de criança, eu poderia ter ao alcance das minhas mãos tudo o que eu podia imaginar e querer.
Acredito que, a infância é um preparativo para a vida quando chega a juventude, assim como a juventude prepara para a vida de adultos e consequentemente dos adultos prepara para a velhice.
São como degraus de uma escada, com seus níveis, cada degrau, que se sobe, tem uma dificuldade, como, por exemplo: de equilíbrio, quanto mais alto você vai galgando, mais difícil fica se equilibrar.
É desse equilíbrio, que, quero expor um pouquinho agora, como a vida se nos apresenta diversos níveis de dificuldades, ao longo da vida vamos nos exercitando para essas fases de dificuldades que a mesma possa vir a fazer parte integrante de nossa vida.
À própria vida se encarrega de trazer esses exercícios, durante o seu percurso.
Assim, se em certo dia de nossas vidas, algo inesperado, acontecer, então... "bingo", estamos mais ou menos preparados para esses embates.
Comigo aconteceu assim... "Pluft" e agora o que fazer?
- Então, acordei e pensei... hora de levantar...me aprontar pra ir trabalhar...mas, ao comandar as pernas para levantar, cadê? - Apavorei! As pernas eram um apêndice a parte, estavam ali, mais também, não estavam mais.
Acordar pela manhã e descobrir, que, a pessoa que agora está ali, se olhando no espelho, não é a mesma que adormeceu e acordou pela manhã.
Chorar é natural, desanimar também, querer morrer...sem nem lutar, porém, nem tudo tem que ser decido na hora, o melhor e deixar a poeira baixar, e traçar novos planos.
O tempo passa...ainda bem que ele passa! A vida continua a se mover e a fazer com que as coisas se movam ao seu redor, e você mesmo, que não possa se mover, arruma uma forma de fazer isso.
Eu o fiz. Como não podia sair da cama, por algumas horas, no dia, me lembrei do "Espelho"..."espelho meu" que me fizeram tanta companhia na infância. E como criança, andei pela casa toda, aonde, eu podia ir, sem sair da minha cama, eu ia, através do meu espelho.
Via o movimento da casa, logo depois a sala, e a cozinha, eu trocava de posição me arrastando pela cama, posicionava o espelho e via minha mãe na cozinha, via quem estava na sala e assim participava dos acontecimentos da casa.
Mudava de posição e ficava perto da janela que dava para o jardim, olhava o portão da entrada da casa.
Deitada, com o espelho na mão, via quem passava na rua, quem chegava, mexia com quem passava, algumas pessoas já estavam tão acostumadas e sabiam que eu estava ali, com o espelho na mão, me acenavam.
E foi assim, que, alguns anos se passaram, e eu vivi muitas coisas e vi muitas coisas também, pelo magia do espelho em minha mão.
Isso, eu aprendi, quando menina então, vivendo num mundinho todo meu, e quando eu cresci e inerte em uma cama me vi, trouxe a magia do meu espelho de volta até mim.
Eu consegui, trazer pra junto de mim, muitas coisas estavam longe de mim. Hoje, já não uso o espelho para esse fim, pois, com o tempo reaprendi a andar com certas dificuldades e dores, mas, reaprendi.
Aprendi outras coisas mais, e uma delas: Nunca desistir, jamais!
Mesmo, que o espelho fosse o meu único elo com os demais.
Fadinha de Luz
Maria de Fatima Melo (Fadinha de Luz)
Re: Olhando a Vida Pelo Espelho 2
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