Poemas : 

Soneto ao Vil Inseto

 
Enquanto a rude plebe alvoroçada
Do rouco vate escuta a voz de mouro,
Que do peito inflamado sai d'estouro
Por estreito bocal desentoada:

Não cessa a cantilena acigarrada
Do vil inseto, do mordaz besouro;
Que à larga se criou por entre o louro
De que a sábia Minerva está c'roada:

Enquanto o cego ateu, calvo da tinha,
Com parolas confunde alguns basbaques,
Salmeando a amatória ladainha:

Eu não me posso ter; cheio de achaques,
Cansado de lhe ouvir ³ "Bravo! Esta é minha!"
Cago sem me sentir, desando em traques.


Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage
( 15/09/1765 — 21/12/1805)
Autores Clássicos no Luso-Poemas

 
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Bocage
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 18/11/2011 12:47  Atualizado: 18/11/2011 12:47
 Re: SONETO AO VIL INSETO
Fico a imaginar a Poesia deste gênio em sua época...tinha que espantar e agredir a sociedade, o status quo mesmo...é atemporal e surpreendente até os dias de hoje.

Mas, ele devia sofrer do intestino também,kkk. É o mais sofisticado desbocado maldito que conheço. Sua poesia traz o humor acoplado, o que é genial mesmo.

Enviado por Tópico
GeMuniz
Publicado: 18/11/2011 12:52  Atualizado: 18/11/2011 12:52
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 Re: SONETO AO VIL INSETO
Um soneto onde a genialidade sarcástica e irreverente do Bocage reluz como o sol.

Abraço,

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 18/11/2011 12:56  Atualizado: 18/11/2011 12:56
 Re: SONETO AO VIL INSETO
Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage (Setúbal, 15 de Setembro de 1765 — Lisboa, 21 de Dezembro de 1805) foi um poeta português e, possivelmente, o maior representante do arcadismo lusitano. Embora ícone deste movimento literário, é uma figura inserida num período de transição do estilo clássico para o estilo romântico que terá forte presença na literatura portuguesa do século XIX.

Nascido em Setúbal às três horas da tarde de 15 de Setembro de 1765, falecido em Lisboa na manhã de 21 de Dezembro de 1805, era filho do bacharel José Luís Soares de Barbosa, juiz de fora, ouvidor, e depois advogado, e de D. Mariana Joaquina Xavier l'Hedois Lustoff du Bocage, cujo pai era francês.


Monumento de Bocage em SetúbalTeve cinco irmãos. O pai do poeta, José Luís Soares de Barbosa, nasceu em Setúbal, em 1728. Bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra, foi juiz de fora em Castanheira e Povos, cargo que exercia durante o Sismo de Lisboa de 1755, que arrasou aquelas povoações.

Em 1765, foi nomeado ouvidor em Beja. Acusado de ter desviado a décima enquanto ouvidor, possivelmente uma armadilha para o prejudicar, visto ser próximo de pessoas que foram vítimas de Pombal, o pai de Bocage foi preso para o Limoeiro em 1771, nunca chegando a fazer defesa das suas acusações. Com a morte do rei D. José I, em 1777, dá-se a "viradeira", que valeu a liberdade ao pai do poeta, que voltou para Setúbal, onde foi advogado.

Enviado por Tópico
Antónia Ruivo
Publicado: 18/11/2011 17:16  Atualizado: 18/11/2011 17:16
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 Re: SONETO AO VIL INSETO
Gosto do Bocage, para mim o maior entre os maiores.