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o caçador de gafanhotos

 
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O caçador de gafanhotos

Olhando o meu velho álbum de fotos mergulhei num passado distante levado num êxtase de prazer maravilhoso, onde a vida era muito mais doce e colorida.

Observando os detalhes das fotos, elas parecem paradas, mas não estão, pois transmitem um prazer de viver inexplicável parecendo estar vivas com ação e muito mais, conseguindo ativar a minha imaginação e me puxando para aquele momento vivo na minha memória. Chego a ficar paralisado num transe e incapaz de voltar daquele mergulho tão profundo, tirando a minha noção de espaço no tempo. De volta àquele mundo e vivendo aquele momento novamente eu me questiono: Por que eu era daquele jeito?

Uma coisa na qual eu fico pensando e que realmente prova como o tempo muda a nossa maneira de pensar, pois olhando para trás existe tantas coisas que fiz e hoje não faria, consequentemente tem coisas que faço hoje que jamais teria feito antes.

Pego uma foto e vejo meu pai sorrindo, chego a tê-lo aqui comigo por uns momentos, procuro aproveitar o máximo possível daqueles instantes no seu carinho e retribuir com os meus sentimentos recordando apenas momentos felizes para que ele fique em paz.

Uma foto chamou a minha atenção, nela estou com amigos. Éh! Onde será que eles estão? Fiquei focado na foto olhando um deles, o Cisco, ele estava ali entre nós e ninguém teve a sensibilidade de prever suas tendências naquele momento especial da vida em que estávamos juntos curtindo e brincando.

O tempo soprou e nos levou para longe, por caminhos diferentes que se cruzaram num futuro distante.

Os anos passaram e tudo mudou, eu estava em uma loja de conveniência quando um cara entrou travestido, nem reparei quando ele entrou, mas ele veio até mim e perguntou:

- Oi zip! Você se lembra de mim?

Confesso ter ficado sem palavras, não pelo fato dele ter se tornado um travesti, mas pela surpresa. Como ninguém conseguiu perceber suas tendências femininas? Coisas que só a vida pode explicar. Conversamos por uns momentos e eu nunca mais o vi, mas ele está ali comigo, sorrindo e feliz naquela foto.

Entre tantas fotos tem uma que adoro. Uma lembrança do meu tempo de infância em que estou com um gafanhoto na mão. Uma prova viva de um caçador de gafanhotos que também gostava de capturar cigarras, porém tudo isso mudou, o vento e o tempo sopraram me levando para o futuro e hoje aprecio com prazer os seus cantos de liberdade livres na natureza.

Olhando as fotos, não sei definir o que estou realmente sentindo, não consigo expressar felicidade e nem tristeza, chego a imaginar que seja o mesmo sentimento do amor, a mesma dor inexplicável, aquela que a gente sente na alma, mas se eu fosse realmente definir-me, acho que estou triste, talvez com uma sensação estranha de perda por não tê-los mais comigo. Chego a pensar que na vida estamos sempre perdendo, pois as pessoas têm que seguir seus próprios caminhos e nós não fazemos mais parte do caminho deles.

Chega de olhar as fotos, eu as amo e adoro a viagem que elas me proporcionam, mas agora vou olhar no espelho, ver a realidade e continuar vivendo as emoções atuais tão gostosas quanto às vividas no passado.

Paulo
ZzipperR


 
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zzipperr
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Enviado por Tópico
belarose
Publicado: 16/11/2011 00:20  Atualizado: 16/11/2011 00:20
Membro de honra
Usuário desde: 28/10/2010
Localidade:
Mensagens: 9026
 Re: o caçador de gafanhotos
Boa noite!Olá Paulo

Que lindo seu texto amigo,e narra mesmo uma história de vida sua vida,lembranças do passado que ficaram gravados em sua memoria.

As vezes é bom voltarmos ao passado para relembrarmos bons momentos e avaliarmos o presente.

beijos

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 16/11/2011 00:56  Atualizado: 16/11/2011 00:59
 Re: o caçador de gafanhotos
Olá Paulo, um texto repleto de indeléveis movimentos, recordações trazidas de outrora com o peso das suas palavras. brilho nas imagens recuperadas. parabéns.
aquele abraço carioca
zésilveira