Tu, que decides como andar
Aos passos de quem ousou protestar.
Nas medições inconstantes de um devir
Próprio, onde vivem as prostrações.
Tu, que das marés fazes cama
Pois detestas dormir onde se fecham os olhos.
Sabes do teu medo de te unires
Aos ideais que repudias.
Tu, que visões transformas em
Saberes que já ninguém mais assume.
Tens noção da condição que abdicas
Agarrar aos olhos dos libertadores.
Tu, que nos tambores de guerras apagadas
Assumes deter espadas
Que de nada te vão servir,
Pois a época acabou de cessar.
Tu, que do imaginário fazes libertino
Somente para se assomar
Um espírito pervertido
Onde as crianças já ceifam à nascença.
Tu, que dos destroços fazes vida
Apenas para me provar que não mais há justiça divina
Pois entendes que coisas não as há
Pela soma de duas partes.
Tu, que já não sei definir como abstração minha
És a ausência indissociável
De um retracto que sou eu em finda
Descaminha, tu, só tu, minha vida.