Contos : 

Quero ouvir um segredo

 
Quero ouvir um segredo
 
Quero ouvir um segredo

Faltava pouco para raiar o dia e dois desconhecidos conversavam futilmente enquanto Carlos olhava do sofá para a varanda mal lembrando que festa era aquela que passara a noite. Entre piscar de um olho vermelho e o outro já colado de sono senti Carla a anfitriã que lhe cutuca o ombro que o fez dar um solavanco e perguntar as horas como disfarce pelo susto.
_É cedo e tarde, ou melhor, tome esse café e me acompanhe quero que conheça alguém.
Sem a menor vontade de tomar o santo sacro café e nem de conhecer ninguém o jovem tenta livrar-se com desculpas da jovem Senhora, mas agraciado com um firme pegar no pulso ele a acompanha.
_Senhores com muito prazer apresento o dono do nosso segredo.
Com um sorriso amarelado e sem entender nada Carlos estende a mão primeira para um senhor baixo não deveria ter mais de 1,60 de altura com os cabelos lisos e já falhos pela idade o fez lembrar de um ator de humor hollywoodiano, esse o aperta a mão e com a outra cobre as o que o faz pensar que ele deve ser algum tipo de político ou coisa do gênero, tomado por uma mistura de sono ou com preguiça o que deixa transparecer ao bocejar ao levar a mão ao outro senhor mal dando tempo de cobrir a boca com a outra e levando um tranco vigoroso do outro senhor o qual se intitulou Senhor Bento e apresentando o anterior como Sr. Naldo, que bom que chegou ao fim não cabia em nos a ansiedade de saber quem era o dono de nosso segredo.
Carlos sente a mão de Carla no ombro e pede um minuto aos três para que ela leve a porta o últimos convidados da festa.
Sem entender e não querendo papo ele diz que a acompanhará como forma de se livrar dos estranhos e desfrutar do se gloriosos domingo de sonos e TV.
_Espere um pouco Carlos o quero ouvir seu segredo. Qual segredo?
_O que traz guardado, todos temos segredos guardados.
Novamente sorri amarelo e como forma de não desrespeitar o bom vinho e os canapés regados a piadas de trabalho fez-calar em frete aos estranhos que o devoravam com o olhar.
Engoliu o resto de café que agora mais parecia com xarope o que fez arrancar sorrisos dos seus observadores e partindo um comentário desnecessário do rapaz.
_Pronto! Podemos nos sentar ao sofá que não há mais ninguém nesta casa.
Os dois senhores vão à frente e Carla novamente puxa-o pelo pulso pedindo pra sentar ao lado dela em frente aos Senhores e com ar de excitação a Senhora diz para Carlos começar.
Sem entender novamente o jovem pergunta o que era pra começar o que faz a mulher mudar a afeição e perguntar se eles não adiantaram o assunto com o moço.
O silencio toma conta da sala e sem muito rodeio Carla pede para o rapaz mostrar as mãos e as segura firme olha para elas e diz:
_Qual seu maior segredo?
Carla olha para ele com um olhar maternal o chega a incomodá-lo e ele desviando o rosto para os espectadores diz não saber ou melhor não ter segredo algum. Agora trazendo as mãos do jovem junto a seu rosto já com feição de tristeza e desespero pergunta:
_Qual seu maior segredo pelo amor de Deus.
Carlos tira as mãos do rosto da mulher que o faz pensar que essa maluca bebera de mais coloca as mão no sofá e tente se levantar quando é impedido pelo Senhor Naldo que fez ele ficar arredio e proferir um murmúrio de palavrão. Novamente tenta se levantar e agora é impedido pelo Sr. Naldo e a Dona Carla como ele a chamara. Entre um pouco de esperneio de um rapaz de paz e o medo de um frango lutando, escuta o Senhor Bento falar para solta-lo. Aliviado com a primeira frase sensata que ouvira no sofá não nota o revolver 38 apontado para seu rosto enquanto murmura palavrões meio a frases de medo.
_Cala a boca seu veado.
Agora sim to ferrado dois locos me agarrando e o outro com uma arma apontada pra mim,
_Escuta só ou você conta seu segredo pra nós ou não vai contar os passos pra sair daqui.
Novamente o rapaz diz que não tem nada a esconder que leva uma vida simples de cantador e o dia mais emocionante em anos para ele foi um assalto que sofrera messes antes.
Irritado com a resposta Sr. Bento agarra-o pelos cabelos enfia o cano da arma na sua boca e movido a puro ódio grita diz logo seu viado ou eu estouro seus miolos.
Carla ri:
_Como ele vai falar com isso na boca.
O que faz todos rirem na sala mesmo o Carlos movido a pânico do seu sorriso amarelo dizendo que eles pregaram uma bela duma peça nele.Mal termina a fala Carla desfere uma gloriosa tapa na sua cara e grita com voz estridente:
_Diz logo seu segredo!
O jovem mais desperta que o sol que se levantara naquele domingo grita por ajuda, o que faz ele levar mais uns três ou quatro tapas de Carla.
Sr. Naldo de costa para o grupo responde:
Ele não quer ou não sabe o que falar. O jovem rapaz pensa ter ouvido a segunda coisa sensata naquela manhã.
_Façamos nossas declarações a ele e ele se juntará a nós.
De imediata Carla concorda e o Sr. Bento caçando a cabeça com a arma diz não está certo se isso era o melhor e diz com voz firme:
_Basta você nos contar seu maior segredo que em meia hora estará em sua casa entende?
O silencio se faz na sala já clara pelo sol Carlos seca o suor e responde que o maior segredo seu fora a vida chata quanto uma conta de seus clientes.
_Sr. Naldo atire nele ou eu mesma o faço.
_Calma Dona Carla e meu caro Naldo façamos nossos seus segredos ai ele pode entender nossos motivos caso contrario bem já sabem o que fazer.
Carla vai a cozinha e traz o bule com xícaras de porcelana o que incomoda o rapaz mais ainda fazendo o pensar nos tapa na arma na boca e agora me serve café que gente maluca e essa.
_Beba o café garoto que vou lhe contar um segredo.
Todos sentados exceto o Sr. Naldo que novamente de costa para o rapaz conta:
_Quando eu tenha um pouco menos que sua idade conheceu uma garota vamos chamá-la de Rita tivemos um romance curto mais intenso não foi duradouro, pois tive que me mudar com meus avós deste romance nasceu Flavia a qual sem seu saber era minha aluna onde leciono anatomia para auxiliares de enfermagem e etc.
O Carlos por instantes repara que todos estão interessados no segredo o que o faz ficar intrigado e despercebido do medo que passara minutos antes.
_Sim!
_Tivemos um caso e nasceu Ana Lisa, meu maior segredo pai de minha neta nuca saberá isso pois matei a meu romance e minha filha para preservar a inocência da Aninha, não pense que sou mal sou a mão direita do destino na vida das três mulheres.
Com um nó do tamanho do Brasil na garganta Carlos se remexe no sofá como se estivesse atrasado para usar o banheiro.
_Meu rapaz nem todas são tristes ousa o meu segredo.
_Um dia após meu baile de debutante escorreguei da uma escadaria numa bela e antiga casa colonial que fora de meus avós, nesta queda quebrei o fêmur, a bacia, o cóccix e desloquei a coluna, comecei a andar sem muletas aos 21 anos mais esses seis anos de minha vida foram os mais instrutivos pois como venho de família proletária fui bem assistida com muitos médicos enfermeiros e empregada e foi justamente com um deles que conheci o amor já no final do meu desterro tive um caso com um a jovem enfermeira belíssima e ninfomaníaca voraz fez-me a prender coisas sobre o sexo que casais levam toda a vida para aprender se é que aprendem, mas não foi apenas o relacionamento homossexual e sim o fato deu tela estrangulada numa banheira que me faz ter um belo segredo.
Atônito com as declarações de meiga bela e jovial senhora engole a seco mal percebe o ambiente ao seu lado por falta de ar pois a ultima coisa que havia feito era tomar um ar.
_Aguara sim! Diz Sr. Bento com entusiasmo.
Pensa se esse já veio com a arma Deus do céu o que ele já fez.
_Bem caro ao contrario do que você já deve ter pensado eu nunca matei ninguém até hoje. Todos riem menos Carlos é claro.
_Sou colecionador.­
_E como esse meu segredo pode se tão grande quanto os deles, bem vou lhe explicar como entendo se eu lhe perguntar qual o tamanho do pecado de cada um aqui incluso os seus qual será maior, você julgará pelos fatos ocorridos, mais Deus deixou claro que não há pecado maior que o outro, o ladrão de galinha não e menos ladrão do que o de banco, como Padre Vieira falou pequenos roubos para pobre grandes para os Alexandres. Como disse sou um colecionador dentre elas coleciona dinheiro dos outro para tanto faço agiotagem e de ver tantos dar cabo da própria vida por estarem entupidos de notas promissórias comigo peguei gosto por fatos como estes como não é sempre que alguém se mata e minha ansiedade e maior que minha barriga, descobrindo que quando eles vêem propor um acerto para diminuir a divida ou quitar, peço o que eles têm de mais valioso como pagamento ao exemplo de uma senhora que o marido de tanto jogar deixou-a em ruína e tolamente veio me procurar como uma bola de neve sua divida cresceu e já sem mesmo ter o que comer veio pedir o perdão da divida ela reclamava de estar passando fome perguntei a ela o que lhe sobrara de afeto nesta vida ela me disse que só sobrara o amor por sua gatinha então propus a ela que se traze a gata feita numa panela que eu perdoaria a divida bem já da pra imaginar qual foi o cardápio daquele dia.
Todos riem, mesmo Carlos embasbacado com tal crueldade rir de medo e por ironia lembra do seu gato Bores em homenagem ao ancora da TV.
_Vamos garoto não se acanhe diga-nos seu maior segredo, nosso clube dos horrores já está ficando velho e chato, precisamos de sangue novo em todos os sentidos.
Risadas ecoam pela sala.
Carlos sente um temor como se recebera a noticia da morte de um ente querido, fita um a um nos olhos e entre balbucios e gaguejos pergunta o como um sabe o segredo do outro qual o motivo pra esse circo de horror.
Carla toma a frente e responde com voz firme como sempre fizera o que contrastava com ar meigo e belo seu.
_Quando fazemos o mal a outros individualmente não notamos seu valor ou melhor seu peso no mundo e com isso achamos que somos maus por causa do mundo e quando vemos amigos ou mesmo desconhecidos o praticando sabemos que ele esta em nós como uma forma de prazer e o mundo é apenas o palco da luta.
Indignado com a resposta absurda o rapaz esbraveja e tenta levantar quando é impedido com um soco no rosto dado pelo Sr. Bento com arma em punho o que abriu um pequeno corte no supercílio deixando-o em pânico por não estar acostumado com sangue nem a ferimentos. Sr. Naldo pede calma e educadamente retira um belo lenço branco do blazer e entrega ao ensangüentado que agradece sem entender tal gesto e cobre o ferimento.
Sr. Naldo pede a arma ao Bento o que a entrega com hesitação, todos observam o manipula mento do revolver enquanto o Senhor Naldo explica sobre traumas na estrutura do corpo humano devido a projéteis disparados por arma de fogo, o que deixa Carlos mais angustiado, Sr. Naldo mostra ao rapaz quatro balas e pergunta meio que afirmando se ele era bom com cálculos, pois restara uma munição no tambor do 38 prateado 5 tiros e qual a probabilidade de haver o disparo depois que ele rodar o tambor. Carlos hesita e diz que era 80 por cento de chance de ficar vivo.
_Cleck!
_E agora meu rapaz?
Sem acreditar no que ele havia visto um louco puxar o gatilho com a arma carregada na sua frente ele diz pra esperar.
Carla brinca dizendo para deixá-lo com 60 por cento.
Todos riem enquanto o jovem faz cara de tacho para Carla a que sorri com graça para ele.
_Vamos meu rapaz não estou brincando. Novamente o rapaz já com uma mistura de prantos e medo com os lábios puxados dando a ele uma expressão de covarde mais que o normal. Escuta-se o outro clique.
_Cara de sorte!
Reclama Sr. Bento.
_Aperta todos logo e manda esse viado pro inferno.
_Inferno não!
Exclama Carla.
_Ele é santo pois não tem segredos, Carlos, sabemos que você tem algo a nos dizer por isso mandei o convite a você e fiz questão de mandar busca-lo não adianta fingir.
_Cleck!
_Sua vida está indo vale guardar só para você esse segredo? Carla olha para o Sr. Naldo.
_Mate esse frango!
Diante da arma em sua fronte e apertando os dedos na palma da mão e grita que basta ele vai falar. Com cara de surpresa e alegria Carla se anima e pede para Naldo abaixar a arma Sr. Bento sentar ao lado do jovem e diz pra ele desembuchar logo. Todos sentam e Carlos pede como forma de garantia que seja lhe entregue todas as munições para que ele possa falar, entre impasses e pequenas discórdias é realizado seu pedido.
Carlos pede para lhe servir outro café ele retira do bolso uma caneta e enquanto Carla serve a todos comenta que esta fora a única coisa que ganhara em toda a vida de seu falecido pais comenta que o pouco que ganhara como zelador gastara em bares e prostitutas, achava quase certo que isso era a válvula de escape pelo fato de ambos terem sido abandonados quando Carlos era criança.
O Jovem comenta sobre as inscrições do lado prateado e pede para o Sr.Naldo tentar ler.
O Sr. fala em latim:
*_Cavete a macilento non famélico.
Carlos desfere um golpe com a caneta entre o ombro e o pescoço de Naldo.Acertando-lhe a artéria carótida jorrando sangue da por toda a sala o rapaz pega o buli desfere com tanta força no rosto do Sr. Bento que chega a vazar seu olho Dona Carla tenta agarrá-lo pelas costa imediatamente ele a joga por cima do dorso fazendo-a cair no ofegante Sr.Naldo que se banhava no sangue, Carlos da um chute no rosto de Carla que apaga na hora o rapaz volta-se para Sr.Bento para sentar a bunda gorda no sofá que lhe contara um segredo.
O moço espera a Senhorita despertar, ela nota Bento amarrado em uma poltrona com uma fita na boca e vê Sr. Naldo aparentemente morto ao chão
_Carlos nos solte era apenas um teste, pode esquecer tudo e esse maldito pedófilo merecia morrer mesmo.
_Deixe eu ir que não testarei sua fé!
Ele se aproxima bem da mulher olha dentro dos olhos dela comenta que semelhante atrai semelhante, aproxima mais ainda descobre o belo e magro pescoço pálido o beija delicadamente e morde-o com toda a força o que a faz gritar ensurdecedoramente.
E com a boca volta de sangue fala:
_Homem magro, sem ser de fome, vale por dois.
*_Afflicto non est addenda afflictio.







* Não se aumente a aflição do aflito
* Homem magro, sem ser de fome, vale por dois

Júnior Militão




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JúniorMilitão
 
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