Do casulo Universal
nasceram túlipas abertas
envoltas em serpentes.
Híbridas, diferentes,
ergueram-se em abstractos
desenhando beijos e mimos no firmamento
em saltos supremos de trampolim.
Saltimbancos,
amortalharam a razão
no som estridente de um clarim
quando, cansados de si,
se metamorfosearam em sensibilidades
no clamor de um plasma e,
em leito atapetado d’erva ardente,
de pétalas rubras, suor e grossas lágrimas,
se amaram, perdidamente.
Dos subterrâneos da mais inútil solidão,
do casulo morno do relógio do tempo,
regressaram as raízes,
em meditação do fascínio ou do logro,
na amplitude d’asas de cetim,
ora amplas, abertas,
ora quietas, doloridas, amarguradas.
Na periferia da aurora boreal,
aqui e ali, no canto e na água,
os sons erguem-se e ecoam dulcíssimos,
cristalinos,
assinalando um lugar secreto e clandestino,
e os voos são um jogo de “Pássaros de Fogo”*
* Bailado de Igor Stravinsky, 1910, baseado numa lenda russa em que o Pássaro de Fogo,belíssimo, tanto pode ser uma benção como uma maldição para o seu captor.
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