Textos : 

A Janela do Meu Quarto

 
A Janela do Meu Quarto

A janela do meu quarto não é mais do que uma janela, mas é a mais bela que este mundo já contemplou. Pode não ser especial, nem ter acabamentos de luxo. Pelo contrário, é simples, é feita de madeira um pouco velha onde a tinta já esta a descascar em algumas partes, tem uns vidros um pouco riscados e sujos, mas é tudo isso que a torna especial. Isso, e o facto de ser no meu quarto, que fica na minha casa, e por sinal é minha. Sim, é isso que a torna tão bela, ser minha, pois todas as outras podem ser belas e com acabamentos de luxo, mas não são minhas.
Do outro lado da minha janela encontra-se um grande campo com árvores e coberto por ervas, algumas secas, outras pouco verdes. É claro que essas ervas não cobrem a toda imensidão do magnífico baldio, em algumas partes quase se chega a ver a terra húmida, eu digo quase pois ai consegue-se ver que o chão está a ser coberto também pelas folhas das árvores quase nuas, devido ao Outono. Agora que penso, tenho a janela perfeita a apontar para o espaço perfeito, aquelas ervas que quase se fundem com os troncos marcados pela idade, e as folhas amarelas e laranjas espalhadas pelo chão, torna-o como que num belo arco-íris a meio palmo do chão… gostava tanto de tocar aquele arco-íris.
Todas as manhas quando acordo e vou ao meu pequeno buraco para o céu, vejo a névoa a pairar calmamente sobre a terra. Normalmente enquanto olho para as imponentes arvores a erguerem-se do nevoeiro, um enorme silêncio me envolve, apenas oiço ocasionalmente uma ou outra folha a cair. À medida que o tempo passa a neblina desaparece, e começa a ser possível ver-se as ervas curvadas com o peso das gotas de orvalho, algumas até deixam cair uma ou outra gota começando logo a baloiçar para cima e para baixo, acabando mais tarde por tudo ficar seco e sem movimento, restando apenas o belo arco-íris.
Todas as noites me deito a pensar na minha janela, que me mostra um campo cheio de vida, como se fosse uma pessoa. De manha sonolento e a sacudir a agua do seu corpo, de tarde mais vivo e cheio de cor, e de noite adormece, como que um gigante cansado. Este ritual repete-se vezes e vezes sem conta. Aiiiiii, o que eu adoro a minha janela.

 
Autor
Anthichriste
 
Texto
Data
Leituras
1571
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.