Poemas : 

Outro Soneto ao Vil Inseto

 
Há junto do Parnaso um turvo lago,
Aonde em rãs existem transformados
Os trovistas de cascos esquentados,
Cérebro frouxo, ou de miolo vago:

Por mais infâmia sua, e mais estrago
Doou-lhe Febo os ânimos danados,
P'ra que exprimam em versos desasados
Os seus destinos vis, nos quais eu cago:

Aqui Bocage, vive, e d'aqui ralha,
E co'a tartárea língua pontiaguda
Bons e maus, maus e bons, tudo atassalha.

É vil inseto, e o gênio atroz não muda,
Bem como a escura cor não muda a gralha,
E o hediondo fedor não perde a arruda.


Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage
( 15/09/1765 — 21/12/1805)
Autores Clássicos no Luso-Poemas

 
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Bocage
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