Poemas : 

Canção I

 

É bom que seja assim, Dionisio, que não venhas.
Voz e vento apenas
Das coisas do lá fora

E sozinha supor
Que se estivesses dentro
Essa voz importante e esse vento
Das ramagens de fora
Eu jamais ouviria. Atento

Meu ouvido escutaria
O sumo do teu canto. Que não venhas, Dionísio.
Porque é melhor sonhar tua rudeza
E sorver reconquista a cada noite

Pensando: amanhã sim, virá.
E o tempo de amanhã será riqueza:
A cada noite, eu Ariana, preparando
Aroma e corpo. E o verso a cada noite
Se fazendo de tua sábia ausência.


Hilda Hilst
( 21/04/1930 — 04/02/2004)
Autores Clássicos no Luso-Poemas





[Júbilo memória noviciado da paixão (1974)]

[in Poesia: 1959-1979/ Hilda hilst. - São Paulo: Quíron; (Brasília): INL, 1980.]
 
Autor
Hilda Hilst
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 11/11/2011 09:12  Atualizado: 11/11/2011 09:39
 Re: Canção I
O Zeca Baleiro musicou os dez poemas da Hilda Hilst, chamando-os pelo mesmo título que inicia o livro,

Ode Descontínua e Remota para Flauta e Oboé - De Ariana para Dionísio.

A Canção I foi interpretada por Rita Ribeiro:



Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 11/11/2011 09:34  Atualizado: 11/11/2011 09:34
 Re: Canção I
Gostava de ter esse disco. Vou ver como.

Aqui aprende-se poesia.

A pôr a agonia dos dias no verso. Hilda ensina.

Faz falta ao Luso estes lampejos.

Boa.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 11/11/2011 09:52  Atualizado: 11/11/2011 09:52
 Re: Canção I
NOITE VAZIAS, SEM VOCÊ MEU AMOR SINTO FALTE DE VOCÊ, UM BELO POEMA.DEIXO MEU ABRAÇO

MARTISNS