Estamos vivendo dias de síndrome.
Uma delas, na minha opinião, é a Síndrome Virtual.
Não tenho medo dela, mas temo pelo que ela fez, faz e ainda fará com as pessoas.
Segundo uma pesquisa, mais de trinta e dois milhões de brasileiros acessam a internet, todos os dias e muitos a acessam o dia inteiro, o que é pior.
Já outra pesquisa informa que o número de computadores pessoais no mundo superará o de bilhões, até o fim de 2008.
Para muitas crianças e adolescentes, a web tornou-se uma fuga e quem pensa que a rede é segura, engana-se em 100%.
A "rede" mundial pode pegar muitos incautos em suas armadilhas, sem respeitar idade, credo ou raça.
A vejo como uma faca de dois gumes: excelente ferramenta de pesquisa e entretenimento, mas que também funciona como destruidora de lares e desvirtuadora de mentes.
Você nunca sabe realmente quem está do outro lado da tela, por isso navegar sempre é um risco, principalmente para crianças e adolescentes, sem supervisão. É impressionante até como os adultos são envolvidos por essa teia!
Então, no meio da celeuma, eis que surgem as comunidades virtuais. Febre geral!
Elas proliferam a cada dia, com mais e mais participantes.
Não há limites. Não há censura.
Amigos virtuais surgem aos borbotões. A quantidade aumenta drasticamente a cada dia, mas pouquíssimos se importam com a qualidade.
Em alguns cliques, você disponibiliza na rede mundial, um desnudar da sua vida: seu temperamento, seus gostos (até os mais excêntricos), álbums completos da sua família, do cachorro, do papagaio, da sogra...
Enfim, qualquer pessoa com paciência e um mínimo de senso de observação, desenha o perfil de um usuário de uma comunidade virtual, apenas pelas comunidades das quais faz parte (isso sem contar com o que publica nelas).
Como se isso não bastasse, existe uma grande ilusão. Muitos existem apenas virtualmente, mas na vida real, não. São gerados a partir de mentes doentias, ou apenas na cabeça de pessoas super-criativas, que apenas querem se divertir, passando o tempo enganando os outros.
Outros, não se fixam no engano, mas na perversão. Enganados pela própria consciência, certos da impunidade, encontram nas comunidades virtuais, o meio perfeito para disseminar sua doença.
Milhões de insatisfeitos em seus casamentos encontram nas comunidades virtuais um modo de amenizar sua dor, suas frustrações, criando vínculos que em sua maioria, não sairão da tela. Portas abertas para a depressão e o caos.
Posso estar sendo pessimista e aguardo críticas pelo meu modo de abordar assim a questão, mas pela minha experiência e pelos sinais que temos atualmente, vemos claramente que o Homem está se afastando cada vez mais da sua originalidade.
Gente precisa de gente.
Gente olha nos olhos, gente toca...gente beija quando encontra e quando se despede...Gente enxuga lágrimas...Gente abraça.
As comunidades virtuais aumentam em proporção ao vazio que existe dentro de cada um de nós.
Quão grandes vazios eles são!
Cláudia Banegas