Dá-me um abraço sem que os meus braços te peçam. Belisca-me o sono e a voz como te ensinei. Busca os retratos que atirámos no lugar da roupa suja como se neles fosse possível lavar o odor do cansaço. Pede-me em amor. O coração pode estragar a beleza de um poema quando fazemos mau uso das palavras. Repito.
Despede-me em ti!
Nenhuma flor chegará às tuas mãos a não ser aquela que inventámos para germinar no entulho dos sonhos.
Desta vez. Garanto-te!
Deixarei o teu vazio à disposição de quem quiser encher as mãos com horas fora do prazo de validade. Não vou mais pendurar minutos em pêndulos preguiçosos ou beijar-te ficar sozinha na sala de espera cruzando palavras usadas. Não vou mais fotografar retalhos como um ser que dói da mente captura memórias por arrumar.
Desta vez. Mesmo sabendo que não se pode ser amado à custa de um poema serei grato à poesia por não nos ter transformado em dois corpos sem uso.