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À deriva!

 
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A manhã é cinzenta e triste!
Na tarde, o cansaço assola o peito
e à noite, as lágrimas nascem secas
envoltas na escuridão do silêncio!

O sentido das coisas dispersa-se
em fúrias loucas e moribundas
e nada, nada é suficiente, nada chega!

Mas o sono desperta-me, e no sonho vivo
completamente à deriva, planando
no mar, nas nuvens, no céu infinito!

Não sei se ando, se corro, se voo,
se nado num profundo oceano...
Não sei se oiço, se vejo, se cheiro
se falo, se como... se respiro!

Existo apenas, flutuando algures
no limiar do tempo,
num limbo esquecido!

Talvez tenha que me esquecer!
Perder de vez! Deixar de ser!
E encontrar-me neste mundo à deriva!


cdjsp

 
Autor
Carmen Palmeiro
 
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