Meu pai faleceu…
Na minha aldeia,
Quando de carro passava,
Os sinos da minha igreja,
Badalavam…
Sobre as casas, montes e vales
Ecos soavam, choravam…
Batiam no meu peito,
Doridos,
Como pedras caídas
No lago azul,
Que o sol gretou,
E agora secou.
Quando na minha casa entrei,
Um corpo inerte,
Frio,
Rígido, encontrei.
Era o do meu pai…
No seu leito estendido,
Logo, ternamente,
Sua mão branca acariciei,
Estremeci…
Estava frio, de sorriso apagado,
Sereno,
Sem a alma que se evaporou.
Uma lágrima salgada, quente,
Na minha face, sentida, corria...
Apenas restos, apenas cinzas,
Corpo morto,
Na minha fronte eu via.
Na manhã chuvosa e fria
Em honra da sua igreja,
Para sempre voltou,
Ao templo sagrado,
Abrigo do Altíssimo,
A que sempre se dedicou;
A tantos defuntos o terço rezou,
Pela sua alma que Deus a proteja
Lá no céu, com os anjos, serena esteja.
Manuel Lucas