Diga obrigado entre os dentes, com essa falsa diplomacia de final de dia. Você nunca descarrila, nunca deixa nenhum fio do cabelo fora do lugar. Nunca nada te condena mais do que eu te condeno. Cada vez que te julgo é sempre para te afastar, para te despentear, para justificar o que desobservo porque já me esqueço, porque os meus joelhos já não suportam mais o peso execrável de não te saber.
Diga obrigado com esse ar de superioridade, olhando por cima e vendo quase nada de mim enquanto nada em mim sobra para ser visto apenas por ti. O que ainda me move é o que foi dividido ou sentido ou falado. Em oceanos sem navios, navego.
Para além desse desjejum, para além dessa fome,
deve haver um nome verdadeiro para te chamar, deve haver uma história para ser contada. Deve haver algumas verdades.
Enquanto ouço Adele, ouço menos o que não posso ver ou escutar. Então, diga mais uma vez quantas verdades cabem numa mentira.
Ivanir - pseudônimo de Karla Bardanza