Poemas : 

Canção III

 

A minha Casa é guardiã do meu corpo

E protetora de todas minhas ardências.

E transmuta em palavra

Paixão e veemência



E minha boca se faz fonte de prata

Ainda que eu grite à Casa que só existo

Para sorver a água da tua boca.



A minha Casa, Dionísio, te lamenta

E manda que eu te pergunte assim de frente:

À uma mulher que canta ensolarada

E que é sonora, múltipla, argonauta

Por que recusas amor e permanência?


Hilda Hilst
( 21/04/1930 — 04/02/2004)
Autores Clássicos no Luso-Poemas


[Júbilo memória noviciado da paixão (1974)]

[in Poesia: 1959-1979/ Hilda hilst. - São Paulo: Quíron; (Brasília): INL, 1980.]
 
Autor
Hilda Hilst
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 15/11/2011 05:03  Atualizado: 15/11/2011 05:03
 Re: Canção III
O Zeca Baleiro musicou os dez poemas da Hilda Hilst, chamando-os pelo mesmo título que inicia o livro,

Ode Descontínua e Remota para Flauta e Oboé - De Ariana para Dionísio.

A Canção III foi interpretada por Maria Bethânia: