DOIS DE NOVEMBRO
(Jairo Nunes Bezerra)
O dia já é triste. E mais ainda por ser dia de finado. Velas e rosas fazem parte
das emoções reinantes. Jovens circulam sorridentes. Sabem: têm muitos anos
à frente. Os idosos, tristonhos, até choram conscientes de que logo mais o
cemitério será o seu abrigo final. E eu, nem jovem e nem velho, apenas fito os
que se amontoam no pequeno espaço. Cruzes são vistas em filas com nomes
gravados, alguns moradores recentes. Daí a tristeza maior na proximidade
dessas cruzes indicadoras. Sob a terra todos figuram iguais: Matérias em
decomposições. Alguns terão os seus nomes perpetuados à proporção que o
tempo avança. Não desejo ser um desses, apenas minha pretensão é que a
minha vida se prolongue dando origem a mais poemas, se possível expondo
mais alegria.