Em uma cama macia de um quarto luxuoso
me entrego ao prazer de quem me terá por dinheiro.
No mergulho da noite, um homem toca meus seios,
sussurra palavras em meus ouvidos
e antes que eu queira já estou despida.
Não sei seu nome, não me importo.
O meu inventado, expresso com um sorriso grande
estampado em uma boca que ele já quer beijar.
Seu corpo gordo e asqueroso se molda no formato de sua
carteira e de luto de minhas vontades apenas lhe deixo me ter.
Sou um pedaço humano da corrupção e em cada mordida de
sua boca, sinto meu corpo se denegrir.
Perante seu olhar, procuro fingir um prazer,
uma satisfação momentânea de um corpo ensinado a mentir.
Enquanto ele esquece as desgraças alheia do mundo em que vivemos
se entretendo no prazer fingido do meu corpo,
procuro não perceber sua presença em mim,
fechando meus olhos esquecendo a humilhação do momento.
Sou tocada e apalpada sem censura, sem respeito.
No grito da boca, a maneira perfeita de evitar o beijo.
minha pernas se abrem e meu corpo se fecha,
minha vulva castigada pela vida que levo
já não quer aceitar mais tal ofensa
e na dificuldade da penetração sinto doer minha alma,
mas não posso reclamar, afinal sou paga para sofrer,
meu corpo entregar a qualquer um que pagar.
No balanço do seu corpo pesado me sinto muitas vezes
esfaqueada pelo membro duro que me ofende,
me perfura e me mata aos pouco.
Cansada dessa vida, mal posso esperar ele gozar,
de meu corpo sair para eu me lavar.
Deitado do lado esquerdo da cama ele se entrega cansado,
não parece entender que foi tudo fingido.
No canto escuro do banheiro eu choro calada.
Vestida, lagrimas nos olhos e um corpo dolorido, sou
paga e agradecida, deixada no meio da estrada aonde ainda
sigo em uma longa caminhada.