Luso-Poemas
 
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palavras sem gestos nada valem

 
Como dizer-te que palavras são palavras e de nada vale a sua beleza se não forem acompanhadas de actos? Que dizer-te quando se conta com o reverso da amizade, o carinho que se dedicou e que afinal tudo caiu em saco roto? Fica o vazio, um nó no estômago, a tristeza do não reconhecimento das razões, do não entendimento, porque a surdez é cega e a cegueira é surda e as mãos só sabem o caminho das palavras mas não do coração? Ou talvez até um pouco mais além, quando a habilidade das mãos é tanta que cega quem lê as suas palavras; quando essas mãos só tem a coragem de dizer, mas nunca de fazer? Eu choro ao ler-te mas pela falta de caminho dessas letras levadas na inutilidade de um céu. Palavras eternas de pó, de cor fugidia a esboroar-se na omissão dos gestos. É como subir ao alto da montanha para despenhar-me nas pedras, é como agarrar uma estrela e olhar a mão baça. Eu não quero abraçar palavras, quero o abraço dos olhos, os ouvidos colados à razão, a boca a dizer ternura e as mãos a segurar-me o coração.

 
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RoqueSilveira
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Enviado por Tópico
GeMuniz
Publicado: 01/11/2011 21:23  Atualizado: 01/11/2011 21:25
Membro de honra
Usuário desde: 10/08/2010
Localidade: Brasil
Mensagens: 7283
 Re: palavras sem gestos nada valem
Isto tudo que escreveu, Roque, é muito verdadeiro e as verdades que me cabem são sempre boas de ler. Pois as palavras não pagam nada, já os atos... Sabe, puxando sardinha para o pessoal que transita por aqui (e neste saco estou dentro... rs), acho que os poetas têm essa funesta tendência de querer que sejam valorizadas mais as suas palavras do que os atos quando se trata da vida real e, contraditoriamente, quando na escrita, cobram que o leitor separe o autor da sua obra na análise literária. Ah, mas são uns enrolões sacanas mesmo esses poetas... rs

Um beijo, Roque.
Gê


Enviado por Tópico
Betha Mendonça
Publicado: 01/11/2011 21:43  Atualizado: 01/11/2011 21:43
Colaborador
Usuário desde: 30/06/2009
Localidade:
Mensagens: 6700
 Re: palavras sem gestos nada valem
O texto é de simplicidade que dói a leitura, por que verdadeiro e óbvio: a gente esquece que a palavra é complemento da ação!
Sempre bom ler-te, minha jovem!
Bjins, Betha.

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