Poemas : 

Son(h)o

 


O relógio assinala a uma da madrugada – ao teu lado o tempo jamais teve tempo. Só, estendido sobre esta cama despida do teu corpo, interrogo-me se já terás adormecido, sobre a alva tela do leito que te acolhe. Então, perco-me a contemplar a serenidade na luminescência que emanas, no desabrochar do sorriso aos teus lábios, durante o sono. Fascinado, penetro lentamente sob os lençóis que te vestem, deito o teu rosto no meu peito e abandono os meus dedos ao caminho dos teus longos cabelos negros, respirando o teu cheiro que me envolve os sentidos e inebria. Invade-me uma harmonia transcendente à plenitude dos nossos corpos em abraço. Ao resplandecer da aurora, em que a luz te beija a pele por dentro, desprende-se-me da alma o etéreo murmúrio que aflui aos lábios – amo-te.


O relógio já assinala as nove da manhã, a cama continua vazia do teu corpo, mas em mim vives na incandescência da chama eterna.

 
Autor
Moreno
Autor
 
Texto
Data
Leituras
955
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
4 pontos
4
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 30/10/2011 22:10  Atualizado: 30/10/2011 22:10
 Re: Son(h)o
Tão profundo e doce...Parabéns Moreno! Adorei o seu texto!


Enviado por Tópico
Tália
Publicado: 31/10/2011 18:59  Atualizado: 31/10/2011 18:59
Colaborador
Usuário desde: 18/09/2006
Localidade: Lisboa
Mensagens: 2489
 Re: Son(h)o
Intenso e sentido como sempre.

Beijos