Ecoam no meu peito sons vibrantes,
Murmurados por búzios beijados,
Pelas ondas enroladas nas areias do teu corpo,
Em melódicas sinfonias;
O prateado do luar acaricia-nos,
Acetina-nos a pele com um matiz feiticeiro,
Assusta o medo que nos possa cercar
E embala-nos em devaneios perdidos,
Pelo espaço infinito,
Em louco voar ao encontro das estrelas,
Que nos indiquem a estrada da vida eterna!
Somos cometas em busca do desconhecido,
Levados por sereias aladas do cosmos,
Somos o que queremos imaginar-nos,
Somos tudo e somos nada,
Entra-nos pela alma, a suavidade
Do pensamento que veleja célere
E nos transmite a serenidade;
Aquietamo-nos neste chão duro,
De nuances esotéricas:
Somos as árvores que se agitam ao toque,
Dos beijos da brisa;
Somos o sol que nos dilata os poros,
Em momentos de quietude languida;
Somos o perfume das flores que nos sorriem
E que nos hipnotiza os sentidos;
Somos afinal, sonhadores que divagam,
Na áurea da esperança deste rio sem manchas,
Que viaja para o azul purificado do mar.
José Carlos Moutinho