Meu Coração já foi tumulo!
Olhar d'olhos vazios.
Lugar sem dia,
onde as trevas habitaram,
onde um Passaro fez ninho ...
Passaro d'oiro
que voou em Céu azul,
subiu, trespassou o Arco-Iris,
queimou-se na quentura do Sol.
Desfolharam-se as asas
na poeira do vento!
E em dor de "asa-quebrada",
voltou em espera desse frio,
numa dor de Verão ausente,
à tumba, o tumulo vazio!
Povos distantes,
mares sem fim
e horizontes longinquos,
coroados de Lirios Roxos,
despertaram enfim p'ra grandes prantos,
dançando longos e humidos bailados!
Gestos parados, cálidas águas,
mulheres adormecidas!
Poços d'água-suja, de lágrimas salgados ...
Tempo de espera:
d'Invernos calados, Outonos perdidos,
Verões escaldados ... antiga Primavera!
Tempo-entre-Vidas de dolorosa quimera!
Ai! Minha Terra,
meu berço,
meu Passaro cinzento!
D'olhos doces mas vazios,
profundos mas distantes!
Olhar perdido nas noites-do-Mundo,
na noite-dos-Tempos!
Ricardo Louro
Estoril
"junto ao mar"
Ricardo Maria Louro