Quando os meus olhos se fecharem
A minha voz se não ouvir
Saberás como e onde me procurar
Revisita outros mundos internos e faz do teu templo um lugar para eu te encontrar
Não chores! Não sofras!
Não grites pelo meu nome, mas pela história que se fez vida enquanto ser vivendo em ti
(Há poemas tão frios como a morte de um jasmim
Lê-os todos mas não faças das palavras um meio para me encontrares
Há palavras que fazem da história uma verdadeira história
Mas saberão elas distinguir-me no meio de uma multidão?)
Não faças do meu túmulo um jardim quebrado
Mas do meu corpo, um verdadeiro túmulo
Oferece as cinzas que restarem a todas as partículas que povoam ainda os jardins
Avulta com elas as ondas do mar
Alimenta com elas as correntes mornas de um rio, mas não deixes de me dizer de ti
Fala-me em pensamento, para que todas as estrelas saibam o meu nome
E através dele, a razão pura e simples da minha existência
(Tão simples como todas as flores que nascem em todos os jardins quebrados
Tão simples como todos os olhares que alcançam um novo céu
Vida sobre vida
Morte que é só morte para conseguir atingir a verdadeira luz)
Por isso
Não faças sepultar o meu corpo junto do bréu
Não me encolhas na terra fria
Vela-me na derradeira noite, mas não me tapes o rosto com um véu
Tranca o meu caixão
Forra-o com um poema nu, ou um verso que sempre me fez ser poema
E faz do meu rosto um ritual pleno onde possa perpetuar um novo olhar
SOU SÓ EU MAIS EU